Soneto da Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. *** Soneto de Fidelidade De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. *** Soneto do Amor Total Amo-te tanto meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. *** Vinicius de Moraes: O poeta, jornalista, teatrólogo e diplomata Vinicius de Moraes (1913-1980) formou-se em Direito e estudou Literatura Inglesa em Oxford (Inglaterra). Em 1935, ingressou na carreira diplomática, tendo servido nos Estados Unidos, Espanha, Uruguai e França. Seu primeiro livro de poemas, O caminho para a distância, foi publicado em 1933. Em 1954, iniciou-se como teatrólogo com a peça Orfeu da Conceição, depois adaptada para o cinema com o título de Orfeu do Carnaval. Trocou a carreira diplomática pela música popular. Soneto: composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos (estrofes de 4 versos) e dois tercetos (estrofes de 3 versos). Após a leitura e comentários dos três sonetos, cada aluno deve fazer a sua releitura, podendo ser através de um novo texto, de uma poesia ou de um desenho. Confira nas próximas postagens, as releituras realizadas. No link http://www.sonetos.com.br/biografia.php?a=25 encontram-se mais sonetos de Vinicius de Moraes. | |||
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Aqui neste blog serão divulgados trabalhos feitos pelos meus alunos e também atividades a serem desenvolvidas. E-mail para contato: fernandabr4@hotmail.com
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
SONETOS, de Vinicius de Moraes
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